Considerando esses pontos, frequentemente ouve-se o seguinte questionamento em relação aos dentes decíduos por parte de profissionais da área da Odontologia, pacientes e familiares: “Como os dentes decíduos permanecem pouco tempo na boca e são substituídos pelos permanentes, por que devemos preservá-los e tratá-los?” O ideal seria que essa pergunta fosse respondida da seguinte maneira: “Embora os dentes decíduos tenham o ciclo biológico curto, devem permanecer na cavidade bucal para desempenhar funções, como estética, fonética, deglutição, mastigação e oclusão”. Por exemplo, uma criança com três anos e perda precoce dos incisivos centrais superiores apresentará grande prejuízo para sua estética e pode ter alterações comportamentais decorrentes desse comprometimento. Além disso, terá dificuldades para mastigar devido à falta desses elementos.
A língua poderá passar a ocupar um posicionamento inadequado, alterando a oclusão e a fonética. Outro caso muito frequente ocorre quando há perda precoce dos segundos molares decíduos. Com isso, o primeiro molar permanente mesialisa, ocupando o espaço que será sucedido pelo segundo pré-molar permanente. Ou seja, o desenvolvimento do sistema estomatognático e a qualidade de vida da criança ficam comprometidos.
Fica claro, portanto, que a manutenção dos dentes decíduos no arco dentário até a época mais próxima da esfoliação é de extrema importância para o desenvolvimento geral e da cavidade bucal da criança.
Entretanto, muitas vezes alguns profissionais da área de Odontologia e familiares da criança têm dificuldade de entender essa importância. Por isso, cabe ao dentista que atende crianças, principalmente ao Odontopediatra, a conscientização da importância dos dentes decíduos, para poder orientar, da melhor forma, os seus colegas e a família do paciente.
Desde a prevenção até tratamentos endodônticos poderão e deverão ser realizados para que o ciclo biológico do dente decíduo se complete. Caso seja inevitável a exodontia, um mantenedor de espaço estético e funcional deverá ser indicado. Não se pode esquecer que não tratar dentes de leite cariados ou com comprometimento endodôntico também afeta e, até mesmo, interrompe o desenvolvimento do sucessor permanente.
A Odontopediatria é a especialidade que cuida do bebê até a adolescência, ou seja, acompanha todo o desenvolvimento da cavidade bucal da criança e preza pela integridade dos dentes decíduos. Dessa forma, deve partir dos Odontopediatras a valorização dos dentes decíduos dentro da Odontologia. Esses profissionais são responsáveis por educar sobre a importância em preservar esses dentes e fazer com que a criança tenha um desenvolvimento saudável da cavidade bucal.
Referências
1. Guedes-Pinto AC. Odontopediatria: São Paulo: Editora Santos, 2010, 8a edição.
2. Correa MSNP. Odontopediatria na primeira infância. Editora Santos, 2011, 3a edição
3. Revista Odontomagazine 03/09/2012
Autora: Moura A.C.V.M.
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