terça-feira, 11 de junho de 2013

O beijo, sexo oral e o câncer de boca!




Um grande jornalista morreu de câncer na língua. Teria descoberto a doença um mês antes, e quando diagnosticado, estava em estágio avançado. Milhares de pessoas ao ano morrem ou diminuem a qualidade de vida pelo câncer na língua, a localização mais comum do câncer bucal. Mais de 95% dos cânceres bucais são conhecidos como carcinoma espinocelular e têm origem na mucosa, revestimento superficial da boca. Apenas uma pequena porcentagem são outros tipos derivados de glândulas salivares, osso e tecidos odontogênicos. Algumas informações mudam o panorama de alguns fenômenos, mas as pessoas tem certa dificuldade de assimilação. Ou seria uma forma clássica de negação? Talvez! Aprender é muito fácil, difícil
é desaprender e reaprender. Até bebês aprendem. Parece que materializamos o que aprendemos. Desaprender implica em mudar, abdicar-se do anterior! Parece que dói, o desapego é difícil e isto
explica porque certas pessoas insistem em coisas que foram válidas, mas o conhecimento novo mostrou
não ser mais e devem ser modificadas. A resistência ao novo e a conveniência do velho falam alto. A
negação pode ser inconsciente.O câncer na boca, incluindo língua, e orofaringe tem causas bem conhecidas por estudos clínicos, laboratoriais e epidemiológicos e “acometia” as pessoas mais velhas, com mais de 50 anos. “Eram” o vício de usar tabaco, bebidas alcoólicas e os raios solares no lábio inferior. As causas podem ser potencializadas mais ainda pelos produtos químicos frequentes na boca pelos alimentos, medicamentos, cosméticos e ar.
A negação
As sociedades profissionais, faculdades, conselhos regionais e outras entidades fazem campanhas preventivas e de diagnóstico precoce do câncer bucal, com folhetos e informações na internet. Mas, nestes folhetos e campanhas, quase todos “insistem” em falar do tabaco, álcool e sol, mas “evitam” falar do HPV como uma ou a principal causa do câncer bucal. Parece um processo de negação coletiva. Para falar que o
HPV está diretamente associado ao aparecimento do câncer bucal e orofaringe devemos explicitar que está associado à prática do sexo oral, ao beijo indiscriminado e não seletivo.Trabalhos publicados no mundo inteiro, relatórios e casuísticas em vários países e centros oncológicos do país revelam que o perfil do paciente com câncer de boca e de orofaringe mudou: agora os pacientes são mais jovens, entre 35 e 45 anos de idade. Todas as pesquisas revelam: o câncer de boca e orofaringe é mais frequente nas pessoas que mais praticam o sexo oral com um maior número de parceiros. Também o é, em pessoas que começam mais cedo a praticar o sexo oral.Os estudos laboratoriais mostram: a grande maioria dos casos de câncer de boca e orofaringe tem o HPV e suas proteínas nas células. Até quando os folhetos, sites, revistas e outras formas de divulgação de prevenção do câncer de boca irão persistir neste processo de negação? Mudem
pelo amor dos meus filhinhos, diria Silvio Luís, o bem humorado locutor esportivo.
Não é hereditário!
Então todo mundo pode ter câncer bucal? Sim, e muito mais ainda os praticantes de sexo oral e do beijo não seletivo com o maior número de parceiros/as. E poderão ainda tê-lo mais cedo em suas vidas
do que os mais seletivos e que também evitem fumar e beber! É uma questão de escolha das pessoas e
por isto precisamos informá-las corretamente, especialmente adolescentes. Ele não é hereditário!Que os folhetos, sites e jornais também parem de falar que morder constantemente a língua e lábio dá câncer! Parem com isso. Outra coisa: dentes e próteses fraturadas que irritam a mucosa não aumentam a probabilidade de câncer bucal, isto não tem qualquer fundamento científico.O que provoca câncer bucal e de faringe, inclusive de língua, pela ordem decrescente de importância e frequência são: HPV, tabaco, álcool e raios solares. Outras causas podem potencializar, mas estas são as principais. Na boca o câncer aparece
como manchas e feridas assintomáticas. Na base e margem da língua a ferida aumenta e mesmo assim continua indolor. Desconfiou! Procure um profissional de imediato. Aliás, qual foi a última vez que você fez o
autoexame bucal “semanal”?Deixemos a negação de lado! Sexo oral e beijo não seletivo dissemina o HPV e aumenta o risco da pessoa ter câncer na boca e faringe. Sexo e boca estão sempre juntos e namorar é bom demais! Nos cuidemos.
Autor: Alberto Consolaro é professor titular da USP - Bauru.
Fonte: Ciências Jornal da Cidade (Bauru, segunda-feira, 10 de junho de 2013 - Página 19).
Indicação: Blog Biossegurança.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A gravidez e suas etapas na mãe e no bebê


A gravidez e suas etapas na mãe e no bebê

gravidez é o período em que a mulher gesta um novo ser humano no interior do seu útero. Ela começa com a fecundação do óvulo por um espermatozoide e termina com o parto. Em geral esse período dura 42 semanas (cerca de 9 meses) e é necessariamente precedido de uma relação sexual em que o homem injeta na vagina da mulher uma certa quantidade de sêmen contendo alguns milhões de espermatozoides, os quais posteriormente ascendem ao interior do útero e das trompas de Falópio (que ligam o útero aos ovários) ou de inseminação artificial, mediante a qual os espermatozoides são artificialmente injetados (por meios médicos) no trato reprodutivo da mulher. Outra maneira de começar a gravidez é pela fertilização“in vitro”, na qual o óvulo feminino é fecundado por espermatozoides fora do corpo da mulher, sendo o resultado disso posteriormente implantado no seu útero. Em termos naturais, parte dos espermatozoides depositados na vagina atravessa o cérvix uterino (colo do útero), ajudado pelo muco aí existente e ganha acesso ao interior do útero, de onde passam às trompas de Falópio. Se a mulher houver ovulado nessa ocasião, um deles se encontrará, no interior de uma dessas tubas, com o óvulo, que percorre o caminho dos ovários até o útero e aí se dará a fecundação. A nova célula assim formada continuará caminhando no sentido do útero, do epitélio no qual, adequadamente preparado pela ação de hormônios específicos, se aninhará para dar formação a um novo ser.
Durante a gravidez vai havendo progressiva formação do bebê, da qual se podem descrever algumas etapas características:
  • Ao fim do 1º mês o embrião mede cerca de 4 ou 5 mm e pesa ainda menos de 1 grama. A cabeça começa a se diferenciar do tronco e um coração ainda muito rudimentar começa a bater por volta do 25° dia.
  • Ao fim do 2º mês ele já tem aparência humana, mede cerca de 30 mm e pesa de 2 a 8 gramas. Formam-se esboços dos olhos, boca e fossas nasais e o embrião começa a se mexer.
  • Ao fim do 3º mês ele medirá de 80 a 100 mm, pesará cerca de 40 gramas e passará a ser chamado feto. A sua cabeça corresponde à metade de seu comprimento total. Os órgãos genitais já estão diferenciados e já podem ser captados pela ultrassonografia.
  • Ao final do 4º mês o bebê já mede 15 cm e pesa 240 gramas. Nessa fase, uma ecografia já revelará claramente o sexo do bebê. Seu coração bate a 120 batimentos por minuto (bpm), o bebê já flutua nolíquido amniótico e muda rapidamente de posição.
  • Ao final do 5º mês ele medirá cerca de 30 cm e pesará cerca de 600 gramas. Aparecem as impressões digitais e formam-se as partes mais evoluídas do sistema nervoso e dos alvéolos.
  • Ao fim do 6º mês o bebê mede de 30 a 35 cm e pesa 1.000 a 1.200 gramas. Mexe-se muito e já formou praticamente todos os órgãos de que precisará para sobreviver.
  • Ao final do 7º mês o bebê medirá cerca de 40 cm e pesará cerca de 1.700 gramas. Seus olhos começam a abrir e fechar e os cinco sentidos estão formados. O bebê mexe-se cada vez mais.
  • Ao fim de 8º mês o bebê aumenta rapidamente de peso, atingindo cerca de 2.500 gramas, graças ao desenvolvimento de seu panículo adiposo e mede de 45 a 47 cm.
  • Ao fim do 9º mês o bebê, que aumentou muito de peso nos últimos dois meses, estará pesando 3.300 gramas em média e medindo de cerca de 50 cm, estando pronto para o nascimento. No entanto, seucrânio não está completamente formado e algumas funções ainda serão posteriormente amadurecidas (fala, posição bípede, andar, controle dos esfíncteres). A sua completa evolução terá de ser completada num útero social, por assim dizer.
Ao mesmo tempo, o organismo da mulher vai sofrendo modificações anatômicas e funcionais que o preparam e adaptam para suas novas funções e exigências. Os hormônios têm importante papel durante toda agravidez: a progesterona, produzida nos ovários e na placenta, prepara o útero para receber o embrião; a gonadotrofina coriônica (HCG) placentária estimula a produção da progesterona e do estrógeno; a prolactinaleva à lactação; a ocitocina contrai o útero para a expulsão do bebê na hora do parto e, na sequência, provoca a emissão do leite. Quanto ao corpo, ocorre progressivo aumento de volume e alteração de forma do abdome; turgência e aumento progressivo das mamas; aparecimento de varizes nos membros inferiores e de estrias no abdome; aumento da pigmentação da pele. Por ocasião do parto ocorre relaxamento dos músculose ligamentos do períneo com consequente alargamento da bacia. Alguns sintomas subjetivos também acompanham a gravidez: sensibilidade “à flor da pele”; sensação de cansaço e fadiga; enjoo; sonolência; elevação dos ritmos cardíaco e respiratório; retardamento do esvaziamento gástrico, etc.
O bebê no útero se desenvolve dentro do chamado saco amniótico, que é uma bolsa contendo líquido (líquido amniótico) e é nutrido de alimentos e suprido de oxigênio pelo cordão umbilical, que se origina na placenta. Esta, por sua vez, é um anexo embrionário formado por tecidos originários do óvulo e através da qual o bebê “respira", "alimenta-se" e excreta os produtos inservíveis do seu metabolismo, além de ser, também, órgão endócrino, envolvido na produção de hormônios. Normalmente ela implanta-se na camada esponjosa doútero e se descola dela depois do parto, sendo eliminada. A placenta funciona como um filtro que impede que moléculas nocivas, de alto peso molecular, cheguem ao feto, ainda despreparado para lidar com elas. A bolsa amniótica tem uma função protetora, amortecendo os choques térmicos e mecânicos que possam ser provocados durante a gestação. Ela forma-se a partir de uma dobra interna da ectoderma (camada mais superficial do epitélio).
Quando transcorre normalmente a gravidez que tenha sido desejada, ela representa “um dos melhores períodos da vida” de uma mulher.
A mulher que observa atentamente o seu corpo pode detectar alguns sinais precoces de gravidez, anteriores mesmo à ausência das menstruações e ao crescimento abdominal, tais como sangramento quando da implantação do embrião no útero (6 a 12 dias depois da concepção); uma maior turgência das mamas; mudanças de humor; maior apetite e perversões do apetite; ganho ou perda repentinas de peso; alterações na lubrificação da pele; sensações de fadiganáuseas ou vômitos, sobretudo matinais; aumento da frequência urinária; dores lombares; cefaleiastonturas e desmaios. Alguns testes são também capazes de detectar muito precocemente a gravidez.
Fonte: ABC.MED.BR, 2013. A gravidez e suas etapas na mãe e no bebê. Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/gravidez/336649/a+gravidez+e+suas+etapas+na+mae+e+no+bebe.htm>. Acesso em: 17 fev. 2013.