segunda-feira, 31 de julho de 2017

corredores correndo na maratona


Fratura por estresse: será que foi erro de treino?

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Recentemente atendi muitos corredores com fraturas por estresse, principalmente em tíbia, calcâneo e ossos do pé. Acontece que diversos deles treinam com excelentes professores, estão com volumes semanais moderados e seguem uma rotina saudável. E ao fim do diagnóstico se perguntam: “onde errei?”
Essa lesão, também conhecida como edema ósseo, acontece quando há um desequilíbrio da balança de lesão X reparo presente em nosso corpo. A cada pisada que damos no chão “quebramos osso”, ou seja, lesionamos microscopicamente sua arquitetura. Mas nosso organismo, como uma máquina perfeita, conserta cada uma delas, em um constante ciclo de “quebra e conserto”.
Para isso, no entanto, é fundamental que nossos mecanismos de reparo estejam funcionando perfeitamente, ou seja, quando falta energia ou algum substrato o sistema não dá conta da regeneração. Como em nosso dia à dia temos baixas solicitações, essas carências não costumam vir à tona, porém, quando corremos, há um grande aumento dessas microlesões, e com uma recuperação falha, pode haver uma fratura por estresse.
Dentre as principais causas podemos listar:
– níveis de vitamina D abaixo de 30mg/dl. Representaram mais de 50% dos casos que atendi nos últimos 3 meses. Essa vitamina está ligada ao metabolismo do cálcio nos ossos e sua carência vem aumentando de forma endêmica em nossa população. Ela é obtida através da alimentação (peixes e cogumelos são boas fontes), exposição ao sol ou suplementação. Pessoas que treinam indoor, passam 12h em seus escritórios ou que consomem pouca gordura em suas dietas devem ficar mais atentas;
– alimentação pobre em energia e nutrientes, que não acompanhe o aumento do volume semanal de corrida. Dietas restritivas, no intuito de perda de peso, acompanhadas de altas cargas de corrida são uma “bomba relógio”. Se não há energia suficiente, a taxa de reparo das microlesões reduz substancialmente, priorizando órgãos vitais, como coração, cérebro e rins. Se você busca reduzir sua alimentação, opte por exercícios de baixo impacto como bike, transport ou natação e treine com cargas moderadas, minimizando o risco de lesões. Jamais faça dieta sozinho, procure um nutrólogo ou endocrinologista com ênfase esportiva se deseja correr melhor e emagrecer com saúde;
– distúrbios menstruais. A amenorreia (3 ciclos seguidos sem menstruar) ou ciclos irregulares levam à alterações hormonais que podem afetar a taxa de regeneração óssea, predispondo às fraturas por estresse. O contato com o ginecologista é imprescindível nesses casos para a resolução do problema
– doenças das paratireoides. Essas glândulas, situadas no pescoço, estão diretamente ligadas ao metabolismo do cálcio no organismo, e quando desreguladas podem causar fragilidade óssea e fraturas de repetição, nas quais só o repouso não basta. Nesses casos, a fratura não passa de uma manifestação ortopédica de um problema endócrino, que deve ser tratado antes do retorno às corridas.
É claro que aquela pessoa que corre sem orientação, progride rápido e treina quase sem descanso está mais sujeita à todo tipo de lesão. No entanto, após o diagnóstico de fratura por estresse, é fundamental se perguntar: “ será que foi erro de treino?”.
A investigação dos fatores de risco deve ser continuada, buscando principalmente as causas acima citadas. De maneira surpreendente, na minha experiência, em mais de 70% dos casos há um fator de risco por trás, que quando não tratado, aumenta as chances de um novo episódio no futuro. Esse número é um alerta de que a maioria das pessoas se preocupa apenas em treinar, deixando de lado um check up regular ou a procura de profissionais especializados para correr com segurança.
Fonte:http://pebmed.com.br/fratura-por-estresse-sera-que-foi-erro-de-treino/
Autor:Sergio Mauricio, médico e ortopedista formado pela UFRJ ⦁ Cirurgião de joelho formado pelo INTO ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho - SBCJ ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte - SBMEE ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - SBOT ⦁ Ortopedista do Beep Saúde - Health Care On Demand

quarta-feira, 26 de julho de 2017


relogio de despertar

Você come na hora certa? Veja a diretriz da AHA sobre o assunto

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Dieta é uma palavra que sempre está na moda. Tradicionalmente associada a um padrão alimentar que levasse à redução de calorias ingeridas, modernamente ganhou contornos de “alimentação saudável”, deixando de ser apenas um tratamento não farmacológico das doenças para se tornar um estilo de vida.
O texto de hoje não irá esgotar o assunto, até porque não é nossa área de maior conhecimento: há um curso de graduação de 4 anos todo dedicado ao assunto. A ideia aqui é debater uma diretriz recente da American Heart Association e entender porque um grupo de cardiologistas resolveu entrar nessa seara.
Baseado em estudos epidemiológicos, o principal deles o NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey), os americanos observaram que a sua população está mudando de hábitos. Como nosso estilo de vida é ocidental, é muito provável que alterações parecidas possam estar ocorrendo também em nosso meio.
O dado que mais chamou a atenção dos pesquisadores é que as pessoas estão fazendo menos o padrão de três grandes refeições diárias – café + almoço + jantar – e mais lanchinhos ao longo do dia. Pense você: no seu plantão, quando bate aquela fome, tem uma fruta na sua bolsa ou você lancha um biscoito e um pão? Quantos de vocês não jantam à noite, só lancham? Um risco dessa conduta é que os genes que regulam a fome e a saciedade podem se adaptar ao nosso padrão alimentar e um hábito temporário virará rotina.
Vamos agora resumir os principais pontos avaliados na diretriz da AHA:
Não tomar o café da manhã está associado com:
  • Piora na qualidade da alimentação. Além disso, você consome mais gordura e fica mais impulsivo na alimentação.
  • Maior risco de obesidade
  • Aumento LDL
  • Hipertensão e diabetes
  • Maior risco de AVC e doença coronariana (aqui um alerta: a evidência por trás desta última associação é menor que as demais)
Dieta com jejum intermitente está associada com:
Foram avaliados dois padrões:
– Dias alternados: no dia ímpar ingere < 25% das calorias, dia par é liberado
– Jejum periódico: o jejum é só 1 a 2 dias na semana
  • Está associado com redução do peso
  • Há redução do LDL, pressão arterial e glicemia, mas não se sabe se pela dieta per se ou secundário à perda ponderal
Aumento na frequência alimentar está associado com: (por exemplo, comer de 3/3 horas, exceto dormindo)
  • Peso: os estudos são controversos, alguns mostrando ganho de peso, outros perda de peso. Isso porque depende do que você come de 3/3 horas…
  • Em estudos observacionais está associado com menor LDL e menor risco de DM
Mas isso não foi confirmado em ensaios clínicos. O problema é que a maior partes dos estudos de intervenção foi com amostra muito reduzida e pode ter havido falso negativo.
Assaltar a geladeira de madrugada (late-night eating) está associado com:
  • Ganho de peso
  • Síndrome metabólica
Mas os estudos de intervenção tiveram problemas metodológicos que não permitiram chegar a uma conclusão.
Como vocês puderam notar, a maior parte das informações é baseada em estudos observacionais. A grande conclusão é que comer de modo intervalado e regular ao longo do dia, distribuindo as calorias, pode ser tão importante quanto “o quê” se come em cada refeição. A próxima etapa é desenvolver estratégias de intervenção onde essas hipóteses possam ser testadas. A AHA deixou como mensagem final:
1. Distribua as calorias de modo mais homogêneo ao longo do dia
2. Reforce seu café da manhã
3. Não coma tarde da noite (“Promote consistent overnight fast periods”)
4. Um snack saudável pode ser uma boa entrada antes de uma refeição pesada, para não cair na gula de almoçar com muita fome
5. Comer em intervalos curtos também pode ajudar a não entrar nas refeições principais com muita fome
6. O jejum intermitente pode ajudar a perder peso
E aqui a dica pessoal:
7. Diga adeus à sobremesa! Se você se alimentou bem e está saciado, por que mais um doce no final?
Fonte: http://pebmed.com.br/voce-come-na-hora-certa-veja-a-diretriz-da-aha-sobre-o-assunto/
Autor:http://pebmed.com.br/author/ronaldo-gismondi/